Alunos cuidam da mata do Mosteiro de São Jorge

"Cerca de trinta alunos e professores da Escola Universitária Vasco da Gama (EUVG) juntaram ontem esforços para limpar parte da mata do Mosteiro S. Jorge de Milréu, uma iniciativa que aconteceu no âmbito das comemorações do Dia Mundial da Arquitectura.

Mas a actividade desenvolvida durante o dia de ontem foi apenas «o primeiro passo para aproveitar o potencial da mata». «Uma vez que temos 40 hectares, a ideia é explorar o sítio e torná-lo um bem essencial da escola. Aqui temos tudo: animais, plantas, água, madeira e minas», contextualizou António Oliveira, director do Departamento de Arquitectura.

O arquitecto garante que as actividades lúdicas e pedagógicas a desenvolver na mata «terão um impacto directo no ensino, mobilizando alunos de todas as áreas da escola».

Plantações, exercícios de construção experimental com recurso a materiais recolhidos na mata ou o aproveitamento energético de recursos naturais são algumas das actividades que serão desenvolvidas.

A agricultura biológica é outra aposta forte, com os produtos a serem depois utilizados na cantina da própria escola. Os “restos” serão aproveitados para fortalecer a terra, criando «um circuito auto-suficiente».

Os estudos no terreno que estão previstos incluem ainda áreas como a purificação da água e a investigação de plantas aromáticas e tóxicas. Os fornos solares são outra vertente para explorar a médio prazo.

«É o início de um novo ciclo, de uma nova era para a Escola Universitária Vasco da Gama e quem quiser participar pode juntar-se a nós», concluiu o arquitecto António Oliveira.

A iniciativa é desenvolvida pelo Centro de Estudos de Arquitectura, Ambiente e Ordenamento do Território do Departamento de Arquitectura da EUVG, com o objectivo de desenvolver actividades lúdicas e pedagógicas continuadas, em reconhecimento do potencial paisagístico e biofísico que a mata oferece."


Escrito por Bruno Vicente   

Diálogo

Lucrécio:
E essa árvore infinita?

Títiro:
Ela existiu nos tempos primeiros, quando a terra era virgem e o homem ainda estava por nascer, assim como todos os animais. A Planta era senhora e revestia toda a superfície do solo. Ela poderia ter permanecido a única e soberana forma de vida, oferecendo a olho dos deuses o esplendor variado das cores das estações do ano. Imóvel pela própria natureza e cada um dos seus indivíduos, deslocava-se através das suas espécies, ganhando  de espaço em espaço a extensão. Era pelo número dos seus germes (que esbanjava loucamente pelos ventos) que ela procedia e se alargava à maneira de um incêndio que devora tudo o que encontra para devorar; e seria isso que ainda fariam não fosse o homem e as suas obras, as ervas e os arbustos. Mas aquilo que vemos não é nada ao pé do que foi este poder de conquista por saltos de sementes aladas nessa idade heróica do vigor do vegetal. Ora (escuta isto, Lucrécio), aconteceu que um destes germes, quer por causa da excelência da terra onde ele caiu, ou do favor do sol sobre ele, ou por outra circunstância, cresceu como nenhum outro, e da erva fez-se árvore, prodígio! Sim! Parece que nela se formou uma espécie de pensamento e de vontade. Ela era o maior e mais belo ser sob o céu quando, pressentindo talvez que a sua vida de árvore se limitava ao seu crescimento e que ela não vivia senão de crescer, lhe aconteceu uma espécie de loucura de desmesura e de arborescência...

Paul Valéry, "Diálogo da Árvore" (excerto) in Eupalino ou o arquitecto, Fenda, Lisboa, 2009

Intervenções na Mata do Mosteiro

O d.Arquitectura e o CEAAOT iniciaram no passado dia 14 de Outubro, os trabalhos de limpeza da mata.

Os trabalhos - a realizar voluntariamente entre alunos e professores dos dois departamentos - têm como objectivo o desenvolvimento de actividades lúdicas e pedagógicas, tais como plantações, exercícios de construção experimental com recurso a novos materiais ou exercícios para aproveitamento energético de recursos naturais.